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L967m López, Psicologia Jurídica
index do verbete
---- São Paulo : ed. Mestre Jou, 1967.*
B CONCEITOS BÁSICOS
1 Estado atual da psicologia
1 Diferença entre psicologia clássica ou filosófica e psicologia moderna ou biológica: a primeira tinha por objeto de estudo a alma; a segunda, mais modesta, investiga fenômenos psíquicos (manifestações, ações da pessoa). A psicologia moderna não pretende estudar a essência, mas os resultados da atividade psíquica.
2 “A psicologia como ciência ainda é demasiado jovem para achar-se constituída e integrada em um só sistema de idéias” (p. 8]. Distintas escolas psicológicas. Nove grandes direções metodológicas.
2 Definição do tema e proposta do livro.
3 A psicologia jurídica é a psicologia aplicada ao melhor exercício do direito, nestes campos: a) psicologia do testemunho; b) psicologia da confissão; c) compreensão da motivação psicológica do delito; d) reforma moral do delinqüente e prevenção.
4 “O critério da moderna psicologia, do qual nos utilizamos para a redação deste trabalho, é absoluto e exclusivamente biológico, e alijaremos qualquer direção ou escola que a ele não se ajustar” (p. 9].
3 Principais Escolas
3.a Condutismo ou psicologia condutista.
5 Watson. A vida psíquica se traduz em movimentos e ações e deve ser estudada de fora, sem preocupação introspectiva. Considerar o homem como animal. Lema: estímulo-resposta. Predizer a conduta humana: dado um estímulo x, que resposta se desencadeará? Valorar a conduta humana: dada uma resposta y, que estímulo a gerou?
3.b Personalogia.
6 Stern. O fato psíquico é uma integração que não se pode decompor, nem para fins didáticos, sem perder suas características essenciais. Elemento a estudar é a pessoa. Não é possível nenhum ato humano sem saber qual é o tipo de personalidade do autor.
3.c psicologia da forma (Gestaltpsychologie).
7 Fenômeno psíquico é uma unidade vital (estrutura ou Gestalt) que não se pode decompor pela análise sem perder a essencialidade. Em toda reação humana há algo novo (a estrutura). (p. 15]
3.d psicologia genético-evolutiva.
8 A herança transmite predisposição ao delito. Valor traumatizante das experiências infantis levando a estilos de vida ulteriores. (p. 16]
3.e psicologia neuro-reflexológica.
9 Pavlov. Reflexos condicionáveis. Toda reação pessoal deriva da interação de dois processos fundamentais do sistema nervoso central: excitação e inibição. O reflexo pode ser condicionado usando os fatores tempo e ritmo de estimulação. Leis de formação e extinção de reflexos. A sanção penal não funciona porque não cria reflexo condicional negativo porque é posterior, distante e sem intervalos. (p. 17]
3.f psicologia caracterológica ou tipológica.
10 Psico-somática. Importância da assimetria funcional do ser humano.
3.g psicologia anormal.
11 É a psiquiatria. É mais que a neurologia central. Todo conflito com a lei pressupõe uma anormalidade (mas não necessariamente uma morbidez) e, portanto, em cada crime há uma mente anormal colocada em situação normal, ou uma mente normal em situação anormal, ou uma mente anormal em situação anormal. A nova psiquiatria não lida só com casos extremos nem identifica anormal com mórbido. “O problema não é descobrir quais pessoas são normais e quais não são, mas sim que classe e que grau de anormalidade são próprios de cada pessoa”. Artificialidade da separação entre o campo da normalidade e do patológico: só um critério estatístico, tomando por base o comum, pode delimitar. Diluição do conceito de anormalidade (p. 18-19]. A loucura é um estado psíquico (não uma enfermidade) capaz de surgir por diferentes causas (mórbidas ou não) em virtude do qual o indivíduo perde (totalmente ou só em relação a certos estímulos; temporariamente ou não) contato com a realidade fenomenológica, perturbando-se sua capacidade discriminativa entre o mundo interno (representativo ou imaginativo) e o externo (sensorial). (p. 20]
3.h Psicanálise
12 Ver abaixo.
C PSICANÁLISE. FREUD. PRINCÍPIOS:
4 Princípio do determinismo psíquico.
13 “todo ato psíquico tem intenção, motivação e significação; não se trata de um fenômeno esporádico, acidental, isolado e indeterminado, mas de um elo de uma série causal. Por absurdo que pareça à primeira vista, possui sentido e é compreensível, sob a condição de que, mediante técnicas e deduções apropriadas, estabeleçamos suas causas que, em geral, se encontram nos planos subjacentes da consciência” (p. 11].
5 Princípio da transferência.
14 A energia psíquica não se imobiliza. É capaz de deslocar-se de uma idéia/pensamento a outra. Uma idéia indiferente/neutra pode subitamente receber uma força (impulso) atrativa ou repulsiva tão grande que chegue a dirigir toda a conduta individual, mesmo quando o indivíduo reconheça o absurdo do seu comportamento (fobias, obsessões, compulsões). (p. 11]
6 Princípio do pandinamismo psíquico.
15 Não há nada morto no âmbito do aparelho psíquico. Parece que há porque confundimos o inibido/reprimido com inerte. O valor total da energia liberada pela capacidade mental é constante, mas varia conforme a repressão inibidora. Vida mental é perpétuo vir-a-ser de corrente energética que, se encontra obstáculos em seu fluxo, se concentra e aumenta de tensão até destruí-los ou evitá-los tornando-se aparentemente ausente para emergir sob outro aspecto (processos de sublimação, projeção, racionalização, holotimia e catatimia). (p. 11/12]
7 Princípio da repressão ou censura.
16 O esquecimento é ação direta de força repressora que expulsa a lembrança do plano consciente. “Custa mais esquecer que recordar” (p. 12]. Censura consciente: exercida sobre pensamentos que traduzem tendências instintivas incompatíveis com a moral social vigente. (p. 12]
8 Princípio da tripartição da personalidade.
17 A unidade psíquico é uma tentativa de síntese de três grupos de forças: (p. 12-13]
8.a Id.
18 Prazer. Gozo irracional. Fundamentalmente irracional e inconsciente. Forças provenientes do fundo orgânico-ancestral. Orientadas no sentido hedonístico. Representadas por dois grupos de instintos: a) tânato-destruidores, sado-masoquistas ou de morte, e b) criadores, vitais, expansivos e libidinosos.
8.b Ego.
19 Utilidade. Domínio racional. Fundamentalmente consciente, racional e lógico. Forças derivadas da experiência e educação individual, criam oposição entre indivíduo e objeto. São orientadas em sentido puramente utilitário.
8.c Superego.
20 Dever. Expiação salvadora. Forças surgidas por processo de in-ducação (introjeção) coercitivo e punitivo para superar o complexo de Édipo. Princípio de expiação e autopunição.
9 Princípio da autocompensação.
21 Conflito intra-psíquico: quebra do equilíbrio psíquico quando a luta entre as três instâncias individuais se torna violenta. É restabelecido por dispositivos amortizadores/compensadores que imprimem desvio à tendência causadora do conflito (catatimia, racionalização, satisfação imaginária). (p. 13]
D ESTÁTICA DA PERSONALIDADE HUMANA.
10 Personalogia:
22 Estudo da unidade humana. A unidade funcional do homem não nega o problema metafísico da dualidade alma-corpo; simplesmente a exclui porque é impossível qualquer progresso na compreensão da biologia humana apurando-se o que é corporal e o que é anímico. “A pessoa é uma, inteira e indivisa e como tal deve ser estudada e compreendida pela ciência”. Ante um estímulo físico não é o corpo que reage, e ante um estímulo psíquico não é a alma que reage, mas em ambos os casos quem reage é a pessoa (p. 27].
23 Um duplo mecanismo, nervoso e humoral, integra as múltiplas atividades orgânicas de forma que se ajustem em sua totalidade à unidade pessoal. As mudanças rápidas, especialmente as reações ligadas à vida intelectual consciente, são feitas pela via nervosa. As modificações lentas e gerais ocorrem pela via humoral, pela libertação de hormônios (p. 28].
11 Fatores de que depende a reação pessoal num dado momento:
24 são de três ordens: a) herdados (constituição corporal, temperamento e inteligência), b) mistos (caráter) e c) adquiridos (experiência anterior de situações análogas, constelação, situação externa atual, tipo médio da reação social e modo de percepção da situação).
11.a Constituição corporal.
25 Constituição é o conjunto de propriedades morfológicas e bioquímicas transmitidas ao indivíduo pela herança. O fator morfológico origina na pessoa sentimento de inferioridade ou superioridade física diante da situação, que entra na determinação de seu tipo de reação. Quem se sente fraco se acovarda, quem se acha mais forte torna-se agressivo (p. 29]. A cada tipo constitucional somático corresponde uma especial modalidade de temperamento. Pessoas altas e magras (leptossomicas ou astênicas) têm mais tendência à introversão e dissociação (esquizoidia). As gordas e baixas (pícnicas) têm menos essa tendência. O atlético (predomínio do diâmetro horizontal) e o displásico (falta de harmonia entre os diâmetros corporais) são predispostos a menos adaptabilidade ao ambiente (esquizoidia) (p. 30].
11.b Temperamento.
26 Primitiva tendência de reação ante os estímulos ambientais. É a resultante funcional direta da constituição. Não se confunde com caráter (tipo de reação predominante diante dos estímulos/situações). A tendência primitiva nem sempre coincide com a reação exibida porque entre ambas se interpõe todo o conjunto de funções intelectuais (discriminativas, críticas, de julgamento) e das inibições criadas pela educação. Às vezes o caráter se desenvolve na direção oposta ao temperamento (temperamento medroso pode originar caráter agressivo, p.ex.) (p. 31-32].
11.c Inteligência.
27 Os recursos de adaptação normal a uma situação esgotam-se primeiro na pessoa menos inteligente. “Grande número dos indivíduos que entram em conflito com a sociedade apresentam um déficit intelectual acentuado” (p. 32]. Diferentes tipos de delitos estão relacionados com diferentes níveis intelectuais. Interessa mais a capacidade de julgamento abstrato (da qual depende o juízo moral) do que propriamente o nível intelectual. (p. 33]
11.d Caráter.
28 Tipo de reação predominante diante dos estímulos/situações. A tendência primitiva nem sempre coincide com a reação exibida porque entre ambas se interpõe todo o conjunto de funções intelectuais (discriminativas, críticas, de julgamento) e das inibições criadas pela educação. Às vezes o caráter se desenvolve na direção oposta ao temperamento (temperamento medroso pode originar caráter agressivo, p.ex.). “Os juízes bem sabem que para cada criminoso que se apresenta diante deles com olhar feroz, cabelos crescidos e desgrenhados e punhos contraídos, há meia dúzia que parecem mais aficionados à pesca do que à tarefa de matar gente” (p. 33]. A importância do caráter não deve ser exagerada. Não se pode conhecer um indivíduo por sua conduta externa, visível, porque “dentro da cabeça ficam muitas ações detidas” (p. 34]. Por isso o indivíduo pratica ações contrárias ao seu caráter. “O caráter constitui o termo de transição entre os fatores endógenos e os exógenos integrantes da personalidade, e representa em definitivo o resultado de sua luta” (p. 34]. Os fatores endógenos impelem o indivíduo a uma conduta animal baseada na satisfação de seus instintos e apetites; os exógenos o levariam à completa submissão ao meio externo.
11.e Experiência anterior de situações análogas.
29 O indivíduo tende a escolher a reação que, na sua experiência passada, se revelou mais bem sucedida.
11.f Constelação
30 A influência que a vivência ou experiência imediatamente antecedente exerce na determinação da resposta à situação atual (p. 35]. A constelação tem imenso valor na determinação da reação pessoal: que hora é melhor para pedir um empréstimo, ou fazer uma visita?
11.g Situação externa atual
31 A causa eficiente (estímulo desencadeante) da reação pessoal.
11.h Tipo médio da reação coletiva vigente
32 A conduta individual reflete os vaivens da conduta social. O indivíduo tentas orientar sua reação de acordo com o que faria a média dos homens do seu tempo/lugar. Por isso alguns maridos traídos se sentiram no dever de matar a esposa infiel. Não se trata de imitação ou sugestão, mas do desejo de aprovação externa.
11.i Modo de percepção subjetiva da situação.
33 Como o agente vê seu conflito, quais seus pensamentos e motivos conscientes. Ver catatimia.
12 Atos psíquicos diferenciáveis no funcionamento pessoal.
12.a Senso-percepções
12.a (i) Sensação
34 É o ato ou impressão psíquica mais simples que podemos perceber. A menor porção da vida psíquica suscetível de ser considerada isoladamente. Quase nunca provamos sensações puras, mas sim conjuntos delas.
12.a (ii) Estímulo
35 Tudo o que é capaz de provocar uma impressão consciente ou sensação. Objetos, seres, paisagens. O estímulo, quando se apresenta, não provoca só o complexo sensorial correspondente (estrutura-Gestalt), mas ativa as lembranças (marcas mnêmicas). O indivíduo conhece e reconhece: na mesma experiência psíquica (vivência) coincidem o presente (sensações) e o passado (imagem das sensações anteriores).
12.a (iii) Marcas mnêmicas:
36 Traços que foram deixados no psiquismo e que são, do ponto de vista orgânico, resultado de uma reação físico-química iniciada pela presença do estímulo e lentamente continuada em sua ausência.
12.a (iv) Percepção.
37 Processo em virtude do qual o indivíduo 1) se dá conta de que é impressionado por algo e 2) reconhece a natureza desse algo, 3) classifica-o entre seus conhecimentos e 4) lhe dá denominação (nominal ou simbólica).
38 É um conjunto de sensações configurado, catalogado e diretamente relacionado com o estímulo produtor.
12.a (v) Senso-percepção:
39 Porque, na prática, os conjuntos de sensações e as percepções se processam simultaneamente, designam-se por uma só palavra: senso-percepção.
40 Propriedade do tecido nervoso de conservar latentes, mais que os outros tecidos, suas modificações estruturais, para evidenciá-las em momento oportuno, levando à revivescência das impressões.
12.b (i) Processo mnemônico.
41 Pressupõe atos psíquicos: a) fixação das impressões, b) conservação, c) evocação, d) reconhecimento das mesmas.
12.b (ii) Ato evocativo.
42 É o fenômeno essencial da memória, em virtude do qual a pessoa se projeta, em especial esforço reconstrutivo, para o passado, e tenta por-se na mesma atitude de captação que determinou a percepção evocada.
12.c Imaginação
43 Atividade mental. Processo pelo qual, sob influência de certas causas (?), imagens mnêmicas ou fragmentos delas se reativam e combinam para produzir um composto que não corresponde a nenhuma senso-percepção antes experimentada totalmente.
12.d Associação de idéias
12.d (i) Idéias:
44 Produtos resultantes da fusão das lembranças ou imagens procedentes de uma mesma classe ou categoria de estímulos. Não coincide com a noção vulgar de idéia, que envolve julgamento.
12.d (ii) Associação de idéias.
45 Relação ou associação de todas nossas impressões (sensações, lembranças, imagens, representações) de conformidade a certas leis de semelhança ou de continuidade, de forma que a consciência de uma delas torna conscientes as associadas. É auxiliar da memória.
12.e Inteligência
46 Capacidade de julgamento. Não é faculdade ou estrutura, mas resultante funcional de um conjunto de disposições. Permite resolver novos problemas usando reações anteriores, ajustadas e combinadas conforme particularidades da nova situação.
47 Fases: delineamento ou compreensão, hipótese e crítica.
12.f Curso do pensamento.
48 Fluxo ordenado dos conteúdos significativos ligados entre si por uma tendência diretriz que os seleciona e orienta. Conforme o critério orientador o pensamento é mágico ou lógico.
12.f (i) Pensamento mágico.
49 Mágico quando se observam associações por contigüidade temporal-especial ou semelhança externa. As formas semelhantes possuam propriedades semelhantes; a proximidade ou contato no espaço-tempo gera fusão ou interpretação de atributos.
50 Observado nos mitos, fábulas e sonhos.
12.f (ii) Pensamento lógico.
51 Exige neutralidade afetiva. Rege-se pelos princípios de contradição, causalidade, integração, simplificação, inferência.
12.f (iii) Pensamento paralógico
52 Próprio dos atos da conduta anormal, que têm motivação intelectual mista, não totalmente lógica nem totalmente mágica, mas mista, resultando de influência, sobre o curso do pensamento lógico, de poderosas tendências afetivo-emocionais que orientam os propósitos mais ou menos subconscientes do indivíduo.
12.g Sentimentos
53 Sentimento: a tradução consciente das tendências de reação que tiveram origem em nossas impressões.
54 O sentimento é melhor denominado como totalidade afetiva. É o que anima, colore e vivifica as senso-percepções, representações e idéias, dotando-as de personalidade, força e intensidade de incitação que é a principal responsável pelos atos.
12.g (i) Sentimentos secundários (ideias-força)
55 O sentimento elementares são só dois: prazer e desprazer. Idéias, como honra, covardia, etc., se acham providas de tono sentimental ou afetivo positivo (prazer) ou negativo (desprazer). O que vulgarmente se chama sentimento é uma formação psíquica integrada por um sentimento elementar aplicado ou fundido com uma idéia (são os sentimentos secundários ou idéias-força).
12.h Emoções.
56 É um sentimento exagerado e acompanhado de alterações somáticas mais extensas e intensas. A função emocional é mecanismo primitivo de proteção do ser e da espécie.
57 As emoções primitivas são o medo, a cólera e o amor, ligadas, respectivamente, à tendência defensiva, à tendência ofensivo-agressiva (ambas decorrem do instinto de conservação individual) e à tendência reprodutora (ligada ao instinto de conservação da espécie).
58 Resumo:
a Medo.
Tendência defensiva. Instinto de conservação individual. Desprazer.
b Cólera.
Tendência agressiva. Instinto de conservação individual. Desprazer.
c Amor.
Tendência reprodutora. Instinto de conservação coletiva. Prazer.
59 Assim como sentimentos elementares aplicados a idéias criam série de estados afetivos secundários, as três emoções primitivas, combinadas e aplicadas a diversas situações, criam estados emotivos secundários. As emoções primárias se entrelaçam com sentimentos e por diluição e sublimação formam os traços mais característicos da personalidade.
12.h (i) Esquema dos elementos afetivos
60 A) tendências afetivas (sentimentos) derivados do instinto de conservação individual (funções nutritivas e de relação)
61 A.1) em sua forma defensiva (negativa)
62 A.1.a) Puros: medo das mudanças de temperatura, do mar, da dor, das alturas, do escuro, da sociedade, sentimento de inferioridade, medo da doença
63 A.1.b) Sublimados: prudência, espírito de ordem, meticulosidade, economia, sobriedade, limpeza, sentimento de dúvida, insegurança, desconfiança de si e de outros.
64 A.2) em sua forma ofensiva (positiva)
65 A.2.a) Puros: glutonaria, voracidade, ambição, mesquinharia, teimosia, agressividade, espírito vingativo
66 A.2.b) Sublimados: gastronomia, emulação, tenacidade, colecionismo, caprichosidade (especialmente no alimentar-se).
67 B) tendências afetivas derivadas do instinto de conservação da espécie (ligadas às funções da reprodução e relação).
68 B.1) em sua forma defensiva (negativa)
69 B.1.a) Puros: ciúme, crueldade, adulação, timidez sexual
70 B.1.b) Sublimados: cautela, modéstia, pudor, obsequiosidade, honradez, ingenuidade
71 B.2) em sua forma ofensiva (positiva)
72 B.2.a) Puros: amor sexual, amor paternal ou familiar, faceirice
73 B.2.b) Sublimados: confiança, sinceridade, generosidade, amor ao próximo.
74 C) tendências afetivas derivadas de ambos os instintos ao mesmo tempo.
75 C.1) em sua forma negativa ou deficitária
76 C.1.a) Puros: pessimismo, tristeza
77 C.1.b) Sublimados: susceptibilidade, delicadeza
78 C.2) em sua forma positiva
79 C.2.a) Puros: orgulho, soberba, impetuosidade, otimismo
80 C.2.b) Sublimados: ironia, humorismo, originalidade, curiosidade.
12.i Conações
81 Pré-ações, fases conativas do ciclo psíquico que se intercalam entre sentimentos e atos. Fenômenos na corrente da consciência. Acompanhados de mudanças demonstráveis, ainda que imperceptíveis, no sistema nervoso e muscular. Posturas mentais, que precedem o propósito ou plano de ação. Microatos, esboços.
E DINÂMICA DA PERSONALIDADE HUMANA.
13 Personalidade adulta do homem.
82 Tipo normal: termo médio das variedades observadas.
83 Fato saliente da personalidade adulta normal masculina: capacidade de adaptação, mediante mecanismos psíquicos gerais de adaptação. Três deles realizam parcialmente a intenção, através de uma modificação na intenção primitiva: negação, realização imaginária e substituição (sublimação). Outros três produzem uma mudança na concepção que o indivíduo tem da tendência: catatimia, projeção e racionalização.
84 Desejo: expressão consciente das tendências de reação.
13.a Negação do desejo.
85 É a forma mais simples e menos eficiente de adaptação. Convencer-se de que o desejo desapareceu. Uvas verdes.
13.b Realização imaginária do desejo.
86 Mais comum no jovem que no adulto e na mulher que no homem. Adaptação imaginária necessária à confiança em si mesmo.
13.c Sublimação, substituição ou transferência.
87 Válvula de segurança da personalidade. Meio adaptativo mais eficaz e mais desenvolvido no adulto normal. Desvia-se a tendência, canalizando-se-a para outro conteúdo mental. O desejo é satisfeito se se consegue descarregar toda a energia, mas em troca não o é se os atos realizados não correspondem à intenção primitiva.
88 “Quando uma intenção não pode apresentar-se desnuda, adquire um traje ideológico, e é aceita com tanto mais complacência quanto maior é o luxo e a pompa daquele” (Sturlow).
13.d Catatimia
89 A percepção sofre influência da tendência afetiva. Vemos as coisas como queríamos que fossem, não como são. Ou, em certos casos, aparece em sentido negativo, pessimista, onde o indivíduo não vê as coisas como são mas como não queria que fossem.
13.e Projeção
90 Consiste em projetar, ou seja, situar fora do indivíduo, a causa de suas ações. As tendências afetivas são exteriorizadas e colocadas artificialmente no meio. O indivíduo julga ser amado, quando na verdade ele é quem ama. Ou sente-se ofendido por qualquer ação de uma pessoa que odeia.
91 Devia ser de mínimo uso na fase adulta. Mais própria da velhice.
13.f Racionalização.
92 Os pretextos são erigidos em razão para justificar a posteriori uma ação realizada ou a realizar. É o mecanismo adaptativo mais consciente
F PSICOLOGIA DAS ATITUDES MORAIS.
93 A maioria concorda que o homem não tem mais moralidade ao nascer do que qualquer outro animal.
14 Para Freud
94 A origem de toda moral é a evolução constante dos impulsos destruidores (instinto de morte) que, dirigidos primitivamente para o meio, voltam-se depois contra o próprio ego. Quanto maior a violência primitiva do id e quanto maior a intensidade do complexo de Édipo, mais fácil será a formação de um superego robusto. A passagem da fase do sadismo para a do masoquismo decorre do processo de introjeção, em que a imagem paterna é fixada e identificada no ego, para infligir-lhe os mesmos castigos que antes tentara dar ao pai (símbolo da autoridade social).
95 Criminosos anarquistas que não realizaram introjeção e praticam delitos políticos como forma de parricídio simbólico.
96 Já nos neuróticos compulsivos há exageração do mecanismo de introjeção, tornando-os portadores de sentimento de grande responsabilidade e pânico à ação, por acreditar que seus atos terão más conseqüências. Sempre acreditam agir mal e precisam desenvolver uma religião particular baseada em cerimônias e práticas expiatórias.
97 Em suma, a conduta moral depende do grau de desenvolvimento do superego. Uma pessoa será socialmente boa na medida em que for má para si mesma.
98 Há pessoas carentes de vida afetiva, id e superego não contam. Incapazes de delinqüir por medo ao castigo e de sacrificar-se por medo ao sofrimento.
15 Para Piaget
99 Tese dualista. Duas condutas morais de origens distintas. Uma moral fechada, heterônoma, a pressão que os elementos da sociedade exercem entre si. Regras inexoráveis, fundadas na força e na coação, baseadas nos conceitos de dever e castigo. Outra, aberta, baseada numa atitude mística, de busca do bem absoluto. Autônoma, fundada no respeito bilateral entre indivíduo e grupo e na cooperação. Atos julgados pela intenção e não pelo resultado, aplicação de justiça distributiva em vez de retributiva.
16 Para o autor
100 Fatores afetivos desempenham enorme influência no juízo moral. Os juízos morais respondem a impulso sensorial, são mais intuição que pensamento, pois a moral corresponde a atitudes mais primitivas e menos evoluídas do espírito (como a arte e a religião). A distinção entre bem e mal é condicionada pelo grau de socialização da mente e pelo desenvolvimento da inteligência abstrata.
101 Mas, à parte de distinguir bem de mal, é preciso sentir a responsabilidade moral (dever x desejo). Assim como a inteligência, a moralidade não é um traço unitário da personalidade, nem uma aptidão ou faculdade isolável e geral. É resultado de complexas influências e fatores. Assim como na quantificação da inteligência, a quantificação da moralidade depende de quais as categorias de estímulos ou situações se considera. Há relatividade na conduta moral. Um mesmo indivíduo pratica atos de imensa bondade e cauteloso egoísmo.
102 A simples apreciação da conduta não permite julgar a moralidade do indivíduo: há atos morais feitos por motivos imorais.
103 A atitude moral exprime o propósito de praticar o bem pelo bem, sem interesses egoístas. De modo que “todo indivíduo no qual não se encontrem satisfeitos os impulsos vitais essenciais, que são de natureza egoísta, seria incapaz de adotar tal atitude, embora possa praticar — por coação do meio — atos que se tornem aparentemente morais do ponto de vista social” (p. 104]. Só depois de superados os estados emocionais elementares (medo e cólera), que conduzem a atitudes defensivas (de inibição, obediência submissa à força, física ou psíquica, do meio) e agressivas (de destruição, anteposição do impulso egoísta), o indivíduo se deixa impressionar pelo meio sem medo ou raiva, e só então experimenta atitude afetuosa capaz de confundir-se com o meio (atitude de criação, fusão, integração); só nessa atitude se pode fundar a verdadeira conduta moral. As três atitudes predominam em fases da vida; na infância, predomina o medo; na juventude, o impulso agressivo; ma idade adulta, o impulso criador; na maturidade, reaparece a atitude colérica; na velhice, o medo.
G FRASES
104 ‘(...] o estudo psiquiátrico serve somente para convencer-se da artificiosidade de toda separação essencial entre a saúde e a doença mental; não há um só sintoma psicótico que não possa ser encontrado em indivíduos normais, de modo que é preciso conceber a mente patológica só como resultado de um desvio quantitativo da normal’ (p. 76].
105 ‘uma negação demasiado enérgica é uma afirmação (...]’ (p. 62].
H DÚVIDAS
106 Vide § 43 acima.
107 Holotimia ??
I BIBLIOGRAFIA
108 MIRA Y LÓPEZ, Emilio. Manual de psicologia jurídica. Trad. Elso Arruda. 2ª ed., São Paulo : ed. Mestre Jou, 1967.
J ÍNDICE REMISSIVO
amor, 15, 16
Associação de idéias, 13
Ato evocativo, 12
autocompensação, 7
Caráter, 9
catatimia, 6, 7, 11, 17
Catatimia, 17
cólera, 15, 20
Conações, 16
Constelação, 10
Édipo, 7, 18
ego, 18
Ego, 7
elementos afetivos, 15
emoções, 15
Estímulo, 11
fato psíquico, 4
Freud, 5, 18
Gestalt, 4, 11
holotimia, 6
Holotimia, 21
id, 18, 19
Id, 7
instinto de conservação, 15, 16
Inteligência, 9, 13
Marcas mnêmicas, 11
medo, 15, 19, 20
Memória, 12
negação, 17, 21
neurologia, 4
Pavlov, 4
pensamento, 6, 13, 14, 20
Pensamento lógico, 14
Pensamento mágico, 14
Pensamento paralógico, 14
Percepção, 12
personalidade, 4, 7, 10, 14, 15, 16, 17, 20
Personalogia, 4, 8
Piaget, 19
predisposição ao delito, 4
Princípio da repressão ou censura, 6
Processo mnemônico, 12
projeção, 6, 17
Projeção, 18
Psicanálise, 5
psiquiatria, 4
racionalização, 6, 7, 17
Racionalização, 18
realização imaginária, 17
Sensação, 11
Senso-percepção, 12
Senso-percepções, 11
sentimento, 8, 14, 15, 19
Sentimento, 14
Stern, 4
sublimação, 6, 15, 17
superego, 18, 19
Superego, 7
Temperamento, 9
transferência, 6, 17
tripartição da personalidade, 6
Watson, 3
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
INI | ROL | IGC | DSÍ | FDL | NAR | RAO | IRE | GLO | MIT | MET | PHI | PSI | ART | HIS | ???